sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Era um homem comum. Sua principal característica era ser comum. Achava isso bom, gostava de ser comum. Não apenas gostava: fazia tudo o que podia para ser alguém comum. Ia e voltava do trabalho de metrô, pois era mais comum. Trabalhava em uma dessas empresas com milhares de empregados em pequenos cubículos. Gostava disso pois era um alguém no meio dos outros, um anônimo. Nunca fazia o trabalho excepcionalmente bem, pois isso poderia gerar uma promoção e chamar atenção, mas também nunca deixava trabalho por fazer, isso também faria olhares cairem sobre ele.
Havia muito tempo vivia em um pequeno apartamento em um grande prédio comum. O número do apartamento era 241, pois parecia um número comum, que não causaria curiosidade em ninguém que passasse em frente à sua porta. O interior do apartamento era simples e pintado de um branco comum.
Sempre se esforçava para falar sem o menor traço de sotaque, não podendo assim ser caracterizado por isso. Até mesmo em conversar informais com os colegas, havia uma extrema preocupação em não puxar erres e esses.
Não gostava de sair, mas não recusava o convite dos colegas para não ficar marcado como aquele que sempre recusava o convite. Nas festas conversava com algumas pessoas para não parecer antisocial, mas evitava parecer muito extrovertido.
No final de sua vida, teve uma morte comum. Foi um funeral comum, não muito bonito, nem simples demais. Em sua tumba a lápide indica: "Ele foi comum".
Ele era comum com muito orgulho. A pessoa mais comum que alguém já conhecera. Sim, ele era mais comum que qualquer outro. Não houve alguém no mundo que fosse mais comum.

2 Comentários:

Blogger Ginurse disse...

Pela descrição ele não tem nada de comum, afinal querer ser comum e viver em harmonia e feliz já fogem dessa descrição. Mas o que é ser comum? Acho que viajei no texto...rsrsrs
Muito bom.
Beijos alegres

15 de novembro de 2008 às 07:58  
Blogger Deborah disse...

isso é triste, cara. demais.

15 de novembro de 2008 às 19:19  

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