quarta-feira, 15 de julho de 2009

Algo vindo de dentro chama, causando arrepios e trazendo visões. O força é muito grande, algo ancestral e poderoso, inerente à alma. Cada vez que pulsa ele se sente mais tentado a sucumbir. Por que não sucumbir? Afinal, não é algo ao qual está destinado?
No entanto, existe uma outra voz que o aconselha a pensar. Deixar-se levar traz benefícios, mas também traz perdas. Uma vez escolhido o caminho, não há mais volta, pelo menos não sem deixar graves seqüelas. O medo da perda traz uma nova perspectiva, mas acompanha insegurança e um vazio, pois negando o instinto também são negadas todas as possibilidades e toda liberdade.
Presa entre medo e o primitivo chamado sua mente clama por ajuda, sem esperanças que ela venha.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Acordou um dia e disse:
- Odeio minha vida.
Não falou com agressividade, nem mesmo elevou a voz.
-O que você disse?- sua mulher sussurou ainda despertando.
-Odeio minha vida. Odeio você também.
Levantou da cama e, ignorando a mulher que dizia alguma besteira, foi para o porão. Pegou o galão de combustível e derramou pela casa, ainda ignorando os raivosos berros da mulher. Pronto, a construção rapidamente tomou uma bela coloração laranja enquanto soprava espirais de fumaça e cinza. Enquanto observava o belo espetáculo se permitiu ouvir o choro de uma criatura que estava ao seu lado.
-Por que fez isso?
Um sorriso maravilhoso se formou, rejuvescendo aquele rosto envelhecido e deles vieram palavras cantadas:
-Decidi viver.

Copyright Deborah Happ 2008