Estava pronto para se levantar quando chegaram as mulheres. Uma delas anunciou em voz alta para que aguardassem e nesse meio tempo seria servido bolo com sorvete. Ele não queria bolo com sorvete, queria ir embora. Quando o carrinho que servia o doce se aproximou, comentou com o amigo que o bolo parecia muito seco. O amigo disse que o bolo era de amêndoas, como se isso deixasse tudo melhor, o que o deixou irritado.
Depois de algum tempo que lhe pareceu muito, avistou na multidão que se precipitava em direção à saída um conhecido, mas não foi cumprimentá-lo, não gostava dele. Percebeu que não gostava de muita gente. Bem, pensou, a culpa é delas. Talvez fosse mesmo.
Todos foram embora e ele ficou, percebendo que não tinha mais vontade de sair. Agora queria bolo com sorvete, mas o importante é que não estava cercado de desconhecidos. E de conhecidos. Não deveria ser "antes só do que mal acompanhado", isso estava errado. Antes só do que acompanhado, isso sim fazia sentido.
Após um longo tempo relaxando na semi-escuridão, levantou-se para procurar um telefone. Precisava dizer à namorada que a odiava.
No lado de fora viu o quiosque que vendia doces e quis roubar um, não porque não tinha dinheiro, mas porque odiava o dono do quiosque. Não era um ódio sem motivo, aquele era um homem mau, tramava coisas ruins para pessoas boas, não respeitava e agredia sem motivo, era o homem assustador que via nas ruas quando era criança, era também o pai de sua amiga que a agredia, para completar, era seu avô alcoólatra.
O quiosque parecia vazio, um bom momento para agir.
Continua...
PS: percebi que sonhos são uma excelente inspiração para escrever.